segunda-feira, 30 de julho de 2018

Começando a medicação...


A Bruna que eu conhecia, sorridente, baladeira, que adorava andar de trem, ir em parques de diversões e nunca havia se preocupado com locais cheios, estava sumindo a cada dia.

Eu não reconhecia a mulher medrosa que eu estava me tornando.

Minha vida girava ao redor do medo, e graças a isso, já havia saído do serviço, mal ia as aulas na faculdade, e ficava apenas em casa!

Ainda estava me esforçando a ir no psiquiatra, mas o único medicamento que eu tomava era calmante nos momentos de crise, que me faziam dormir... 

No terceiro psiquiatra que eu me consultei, no Hospital Santa Cruz, eu finalmente encontrei um médico que me passasse segurança e confiança.

IMPORTANTÍSSIMO: Se você passa por uma situação como depressão, ansiedade, TOC, síndrome do pânico, fobias, ou outras coisas similares, NÃO DESISTA DE PROCURAR UM PROFISSIONAL. E procure até encontrar um profissional que lhe passe segurança e confiança. Lembrando que o médico que é maravilhoso pra mim, pode ser terrível pra ti. Por isso é importante você buscar alguém que seja bom PRA VOCÊ.

O Dr. (irei chamá-lo de Dr. T) foi extremamente gentil comigo, ouviu todas as minhas queixas e foi super sincero em relação ao medicamento, tirou TODAS as minhas dúvidas, até as mais "bestas", além de começar as dosagens de maneira bem pequena (1/4 de comprimido) para eu ir me acostumando com a ideia de tomar uma droga diariamente, além de reduzir a mg do calmante que eu tomava, me passando apenas um comprimido sublingual pra eu tomar pré crises.

Sai de lá finalmente com segurança de que o medicamento era necessário e que eu poderia e PRECISAVA tomá-lo.

A primeira semana tomando o medicamento foi terrível, eu fui pro inferno e voltei algumas vezes. Eu tive aumento de ansiedade, taquicardia, suores, tremores... acordava no meio da noite com crises que faziam eu acordar meus pais.

Porém na segunda visita ao psiquiatra, um mês depois, eu já me sentia menos pior... ainda precisava aumentar o medicamento, mas posso dizer que ele foi um aliado importantíssimo pra eu voltar a minha rotina!!!


sexta-feira, 27 de julho de 2018

Procurando ajuda.


Eu já estava há algumas semanas tendo várias crises de pânico, e indicada pelos médicos do pronto socorro e pelo cardiologista decidi procurar um psiquiatra.

Quando liguei para marcar um psiquiatra o primeiro sentimento que tive foi vergonha, sim vergonha!
Muitos, inclusive eu, tinha muitos pré-conceitos com psiquiatras. Acreditamos que apenas fracos procuram esse profissional, sendo que na verdade, quem tem coragem de enfrentar seus medos, é tudo menos uma pessoa fracassada!

O primeiro psiquiatra que eu passei já me diagnosticou com SÍNDROME DO PÂNICO. Me passou um ansiolítico e um calmante natural. Porém eu literalmente não acreditei no que ele disse... afinal ele mal conversou comigo e na minha mente ele só estava a fim de me entupir de remédios que me fariam mais mal do que bem.

Com certeza eu engordaria, enlouqueceria (mais ainda) e não resolveria nada. Pra mim os remédios de "tarja preta" não seriam a solução...

Mesmo assim comprei o remédio, ao ler a bula, tive certeza de que eu teria TODOS aqueles efeitos colaterais, e dito e feito... meu coração parecia mais incontrolável ainda, meu cérebro parecia sobrecarregado, eu suava frio e tremia.

Abandonei o medicamento na terceira dose. Não suportaria viver com aquilo.

Então procurei auxílio espiritual. Por ter uma família extremamente evangélica, todos diziam que isso era falta de Deus. Falta de ir a igreja e de implorar misericórdia.

Eu comecei a ir em cultos que não me curavam, aumentavam a minha ansiedade e me faziam se sentir culpada. ÓBVIO que eu estava fazendo algo errado, claro que eu não estava querendo o suficiente.

Vieram pessoas na minha casa fazer orações... pessoas de várias igrejas. Oravam por mim, e eu só sabia chorar e me perguntar PORQUE eu estava enlouquecendo. Deus estava me castigando? O que eu tinha feito de tão terrível?

A ajuda espiritual, a fé, é super importante, mas ao mesmo tempo, quando você tem uma doença, as vezes só a fé não é suficiente. É como quebrar uma perna e ao invés de ir ao ortopedista engessar você ir apenas a igreja!!!

Eu confiava, eu acreditava, mas os sintomas só pioravam.

Foi então que decidi sair do serviço, minha chefe quis me dar férias, mas eu simplesmente não suportava mais. Eu sofria muito pra chegar no serviço, e quando conseguia chegar, eu geralmente ligava pro meu pai ou pro meu namorado ir me buscar porque eu estava morrendo e precisava ir ao médico.

Quando eu sai do serviço - em meados de março de 2012 - eu me embuti dentro de casa!!!

Só saia de carro, e apenas com o namorado... não tinha vontade de ver amigos ou pessoas qualquer.

Ia pra faculdade porém mal prestava atenção na aula.

Sentia vergonha, culpa e medo!!!!

Como explicar pras pessoas o que ou como eu me sentia sem parecer uma louca?

Claro que algumas pessoas permaneceram ao meu lado, algumas me abraçavam nos meus momentos de crise... mas a maioria eu apenas afastei.







terça-feira, 24 de julho de 2018

e as crises foram ficando mais frequentes...


... logo após o episódio do trem, acreditando ser um caso isolado, continuei minha rotina (trabalho, saída, namoro, faculdade, amigos...)

Porém em menos de uma semana passei mal novamente no trem.

Sentindo novamente sintomas de:

*coração acelerado
*tremor no corpo
*desequilíbrio
*sensação de desmaio

E então eu entrava no trem, conseguia ficar dentro dele duas estações, descia... e entrava no próximo trem.

Uma colega chegou a comentar que eu poderia estar grávida e que isso na verdade era enjôo.

A única coisa que eu pensava é que tinha algo de errado comigo e eu iria morrer. Não tinha outra explicação... provavelmente meu coração estava sobrecarregado. Eu literalmente acreditava que ele iria EXPLODIR. (?)

Então comecei a ir trabalhar de ônibus, pois só de me imaginar entrando no trem eu suava frio. Na primeira viagem foi tudo maravilhoso.

Mas então comecei a sentir as mesmas sensações no ônibus... e começou meu real tormento... pra conseguir me locomover em SP, o trajeto que demorava em torno de 2 horas pra chegar no serviço, aumentou pra três horas pois eu chegava a pegar mais de 6 ônibus para conseguir chegar.

Entrava no ônibus passava um tempo começava a passar mal, ai eu tinha que descer, respirar e pegar outro ônibus....

Claro que sentia que havia algo de errado, que sentir isso não era normal, já estava afetando minha vida totalmente.

As crises começaram a ficar mais intensas e ocorrerem em qualquer lugar, agora eu não precisava mais estar dentro do transporte público. Eu tinha essas crises (com os sintomas já relatados) no trabalho, em casa, na rua, na faculdade. E pensava que eu estava enlouquecendo.

Cheguei a ser levado ao pronto socorro mais de uma vez, porque eu sempre tinha certeza que eu estava morrendo e precisava de socorro, fazia eletro, não tinha nada de anormal com meu coração...

Era medicada com algum calmante e em 30 minutos eu já estava tombada e sem sentir mais nada.

Em um dos episódios, quando eu comecei a evitar tudo que eu acreditava que poderia me causar essas sensações (como ônibus) eu andei mais de 5km (uma pessoa totalmente sedentária) para não ter de entrar no meu inferno particular.

Comecei a gastar dinheiro com táxi (não, não existia Uber) e comecei a me isolar dentro de mim mesma. Andando apavorada crente que a qualquer momento eu poderia cair estatelada no chão.

Eu tinha uma crença de que me coração bateria tão forte ao ponto de romper meu peito e literalmente explodir!!!!!!!

Claro que logicamente consigo ler essa frase e acreditar que as chances disso acontecer são praticamente mínimas. Ainda mais em uma jovem que chegou a ir no cardiologista e fazer todos os exames possíveis.

Mas a sensação era tão real que eu só queria fugir de mim mesma.

Minha vida estava começando a girar em torno das minhas sensações físicas e da sensação constante da morte estar me rondando.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Como começou a minha "Síndrome do Pânico"

Era uma vez... em 2012...

Uma garota no "alto" dos seus 20 anos, uma jovem comum, que trabalhava, cursava faculdade, namorava e saia muito com os amigos... era assim que eu me sentia e assim que eu vivia.

Confesso que eu tinha uma rotina puxada, pois acordava as 06:00 para ir trabalhar, passava em média 2 horas dentro de transporte público LOTADO na correria deliciosa de São Paulo, ia pra faculdade e chegava em casa por volta de meia noite/uma hora da manhã após enfrentar mais 2 horas no transporte público.

Claro que eu me alimentava mal, dormia mal. Mas estava satisfeita :)

Tinha um emprego que eu adorava, tinha amigos, tinha um namorado, estava fazendo um curso que eu queria....

Porém em um dia qualquer indo pro serviço, me lembro que os trens da linha 9-Esmeraldo (valeu CPTM) estavam em mais um dia com redução de velocidade. Ou seja, as estações já lotadas... estavam MAIS LOTADAS ainda. Os trens que já são super cheios na hora do rush estavam mais cheios ainda. E eu, como sempre, atrasada pro serviço.

Para quem não sabe, eu sou uma pessoa pequena, e sempre achei uma vantagem ser pequena no transporte público porque eu conseguia caber em "qualquer buraco"... logo quando eu avistei um trem parado na plataforma não me importei que era daqueles trens antigos, sem ar condicionado e já lotado... consegui entrar nele.

Me lembro que assim que eu entrei, entrou uma outra mulher comigo e as portas fecharam!!!

Porém a mulher no instante em que as portas fecharam se arrependeu de ter entrado e disse "eu quero descer" só que era IMPOSSÍVEL descer. O trem já ia partir...o lado da porta em que estávamos só iria abrir na quarta estação... E foi isso que respondi a ela "mas agora é impossível."

Ok.

Quando meu cérebro realizou essa frase de ser "IMPOSSÍVEL" descer do trem em movimento lotado... eu comecei a sentir os seguintes sintomas:

*coração acelerado
*suor frio
*tremedeira nas mãos
*vontade de vomitar
*tontura

Meu primeiro pensamento foi "eu vou morrer" e os próximos foram "eu preciso descer daqui e ir pra um hospital porque estou tendo algo muito sério, irei desmaiar.".

Comecei a fazer um escândalo (sim, literalmente) do tipo "ALGUÉM ME AJUDA, EU PRECISO DESCER ESTOU PASSANDO MUITO MAL".

Demorei duas estações pra conseguir atravessar a multidão e sair do trem. Isso porque os passageiros foram todos muito solícitos abrindo passagem e me guiando para o outro lado do trem.

Ao descer do trem, alguns passageiros chamaram os seguranças para me socorrerem. Mas assim que eu pisei fora do trem... meu corpo se normalizou...

Não sentia mais NADA.

Mesmo assim fui ao pronto socorro onde fui diagnosticada com: NADA. Poderia ser apenas uma queda de pressão segundo o médico.

E assim tive o primeiro episódio de pânico na vida. Mal sabia eu que este seria o início da minha jornada...







SINTO ELA ME RONDANDO

 Pois é, já estamos em 2023 e eu tinha acabado de dar meu depoimento em um grupo de whatsapp de como havia me curado da síndrome do pânico c...