Pois é, já estamos em 2023 e eu tinha acabado de dar meu depoimento em um grupo de whatsapp de como havia me curado da síndrome do pânico com ajuda da terapia e medicação.
Pode parecer piada, brincadeira do destino ou uma pitada de ironia da vida mas algumas horas depois estava eu dentro do uber quando ela me atacou.
É certo que eu estava indo fazer algo que me deixa desconfortável = socializar. Eu sou uma pessoa que não sabe puxar conversas ou falar de tudo um pouco de forma leve. Sabe aquelas pessoas que sabe um pouco de tudo, que leu um pouco de tudo, que tem bagagem cultural? Aquelas pessoas a la Reinaldo Azevedo?
Eu sou o oposto disso, quando me sento com pessoas interessantes me sinto extremamente fútil porque não consigo acompanhar todos os assuntos.
Ainda assim eu me sentia bem, me sentia capaz e ok em ir cumprir a agenda e participar de um encontro de mulheres advogadas!!! Seria importante para mim, para meu networking e para minha saúde mental. Algo necessário.
Mas a caminho do local dentro do Uber comecei a sentir uma certa náusea, pensei "é fome Bruna, guenta ai", logo se juntaram outros sintomas e comecei a suar frio, meu coração parecia que batia na minha garganta e comecei e tremer.
Nesses momentos eu sei que estou começando a entrar em uma crise de ansiedade e tenho dois caminhos:
Opção 01: Entrar na ansiedade. Deixar os sintomas consumirem meu raciocínio, ter certeza que eu iria desmaiar ou morrer. Isso significava que eu iria implorar pro motorista parar o carro ("foda-se que estamos no meio da Marginal") - nesses momentos eu sinto como se estivesse na entrada de um túnel, não um túnel normal mas aqueles em espiral em preto e branco que afunila ao final e que estou me segurando com as duas mãos na borda mas algo tenta fazer eu pular de cabeça nesse túnel. E eu conheço o final desse túnel, eu sei que o caminho dentro dele e o fundo dele não são nada bons.
Opção 02: Lutar com minha mente sem folga, sem pausa para que ela não fosse consumida pelos sintomas do meu corpo. E que luta difícil. Mas eu sabia que tinha que me manter na borda desse túnel... me segurar como eu podia para não entrar nele.
Sabe, na terapia a gente aprende exercícios de respiração então tentei respirar, me senti pior pensando em inspirar, expiraaar... fui para outra alternativa e pedi para minha irmã me mandar vídeos dos meus cachorros (isso costuma me acalmar), e ela já sabendo que eu estava em crise começou a fazer graças e mudar meu foco.
Consegui chegar no meu destino sem surtar e sem "pirar", ainda assim eu não estava BEM, não estava no meu normal e sentia o cheiro dela me rondando... me sentia culpada e só queria minha casa, minha cama e meus cachorros. Deitar em posição fetal e chorar até não poder mais.
Meu esposo (sim eu me casei esse ano ♥) estava próximo a mim e foi me encontrar para me levar embora... zero condições de socializar enquanto tentava controlar o monstro dentro de mim.
No caminho do shopping até em casa me acalmei, paramos no mercado, pegamos os cachorros e consegui fazer todas as minhas tarefas. Não precisei deitar e chorar...
Quero acreditar que isso tem conexão com a nova medicação que estou tomando. Não quero retroceder e as vezes eu sinto que um passo em falso e eu estarei em 2012 trancada dentro do quarto com medo da morte mas sem viver a vida.
Também penso que as vezes é isso, manter a ansiedade controlada não significa que ela vai te deixar em paz... as vezes só significa que você vai continuar lutando contra ela para sempre mas agora você sabe que armas usar e como usar para não ser engolida por ela.
Escrevendo esse texto me dei conta de que ontem EU VENCI uma batalha. Não segui meus planos, não socializei e não tive uma vida "normal" MAS eu também não precisei tomar rivotril, não precisei correr pro pronto socorro e não surtei ao ponto de chorar e me desesperar totalmente. Isso conta como algo bom não?
Acredito que sim e é a isso que vou me apegar. Foi mais um dia que ela quase me pegou, mas NÃO pegou.
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